um dia hei de amadurecer e entender as relações humanas
sem mesquinhez,
então,escreverei um tratado e aceitarei as pessoas como elas são.
(com seus absurdos e suas idiotices,
com suas limitações e seus exageros)
serei mais observador que julgante!
terei cadeira de balanço na varanda e cestas de frutas para observar.
compreenderei, talvez,esta essência da agonia
e, igual membro de uma tribo africana,
eu cantarei, reencontrarei em outras bocas, em novas trilhas,
a minha canção.
(a canção entoada quando nasci)
descobrirei, então, as notas, os ritmos e o farfalhar das folhas do buriti.
que mistério há guardado em cada pessoa?
ser leal a todos e a ninguém no mesmo segundo?
no rastro viscoso de um caramujo
ficar absorto a ensimesmar o mundo?
(que tens?
que tens cachoeira incessante de interrogações?)
JOÃO, acorda!
MARIA, acorda!
acordem todos!
está para nascer o sol... um rebento raio de luz toma o horizonte e a manhã.
vês a magia oculta?
percebes a sonoridade dos galhos,das folhas, do teu coração que palpita?
vês o teu pensamento sem memória e a tua despreocupação com aquele
que te sente muito mais que matéria vibrante?
os teus passos não são assim e tua boca é demais segredo.
vês?
há um formigueiro a tua volta...
formigas em todos os lugares,
no piso,
na tua flor,
no teu açucareiro.
não podem ser ambíguos os teus caminhos,
nem duvidosas as tuas aspirações,
o teu desejo...
é preciso desejar ser... romper.
não há vida,
não há paz,
não há aprendizado sem o teu desejo.
(não há sonhos!)
tudo fica impossível,
distante,
fraco,
invisível...
reconheça o teu espelho
a tua pele
o teu gosto
a tua verdade
a tua saciedade incoerente e não dogmática.
és rei
rainha
plebeu
vil passante
pedaços de ti e de tua respiração
ofegante...
sê sentimentos!
que tua casa seja tua mente, teu coração, o olhar
e teu olhar, o sentir.
(que tenhas o entendimento de tua volta)
que sejas mais, e sempre... e tudo!
pétala e pedra,
limites e horizontes,
fruto e fertilidade.
não cabem nas coisas banais a tua existência e existências, jamais,
deverão ser banais ao teu sentir!
existes!
existe o córrego,
existe o pássaro,
existe a rua,
existe a praga,
existem os ciclos,
existem outras pessoas...
(existências tantas banalizadas).
funde-te ao teu sentir, ao teu céu.
não conspurques contra ti!
não blasfemes a tua liberdade do/no amor...
silêncio!
há outros gritos, novos sons...
gemina o teu coração ao meu! ouve!
em cada coisa nunca existiu adeus.
segura estás, pelas tuas mãos. feliz serás, pelos olhos teus.
[daufen bach.]